"Quero-me frágil, diante das tuas premências.
Quero a tua fome devorando as minhas defesas,
tuas mãos invadindo meus espaços,
teus dentes marcando a minha carne
e tua língua lanhando meus segredos.
Vê...Não quero a paz,
não necessito de paradeiros, dispenso as bússolas e os sinais.
Não importa se me perco, nem precisas ter cuidado.
Quero o que, em mim, já quase esqueço:
quero as brasas, os dentes, o grito, os riscos, os paradoxos.
Seca-me a boca, a ausência da tua saliva, da tua seiva, dos teus humores.
Quero a fome do teu beijo, os teus dedos fecundando os meus anseios,
teus dentes tatuando minha pele de desejo.
Quero que, em mim, floresçam brotos, rebentem flores
e que minha alma multiplique-se em pétalas e asas.
Então, vem...
Que teus passos não demorem a denunciar-te.
Para encontrar-te, eu me fiz assim,
pronta e plena,
terra fértil,
mulher...
andorinha...
escrava...
poema..."
Miriam Monteiro
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